Desde os 14 anos, quando ainda era líder estudantil, venho acompanhando de perto o drama de jovens brasileiros que não conseguem ingressar no mercado de trabalho. Mesmo as oportunidades de estágio, muitas vezes, são oferecidas apenas a quem tem experiência prévia. Resultado: hoje, sete milhões de brasileiros de 14 a 21 anos, segundo o Ministério do Trabalho, não trabalham nem estudam. Em um recorte mais amplo, e ainda mais preocupante, cerca de 22% dos brasileiros de 15 a 29 anos sofrem com essa injustiça. E, revela o IBGE, 61% deles são pobres.
Desses quase 11 milhões de jovens, 67% são homens e mulheres pretos ou pardos, com predominância das representantes do sexo feminino. Ou seja: além do etarismo, que afasta jovens em geral do mercado, há um componente discriminatório de matriz étnico-racial que reproduz estigmas históricos sobre as populações excluídas.
Trata-se de um problema complexo, multifacetado. Decorre de aspectos educacionais; econômicos, relacionados ao desestímulo ao mercado de trabalho formal no Brasil entre 2016 e 2022; culturais (como são os preconceitos) e de outros inúmeros fatores. Precisamos ser, novamente, um país que desperta esperanças em um futuro próspero, jogo que começou a ser virado com o retorno do presidente Lula à Presidência da República.
Na Secretaria Municipal de Trabalho e Renda do Rio, temos nos esforçado para mudar esse triste panorama. Foram mais de 50 mil novos postos de trabalho gerados em 2023, e uma política de inclusão dos jovens no mercado de trabalho, via Aprendiz Carioca, que remunera e qualifica como assistentes administrativos centenas de jovens de 14 a 22 anos na própria estrutura da Prefeitura do Rio. Hegemonicamente, eles vêm de comunidades e bairros pobres da cidade.https://d-29257929373670725404.ampproject.net/2312191621000/frame.html
Toda política pública para promoção de acesso desses jovens ao mercado de trabalho precisa ser calcada na produção de dados e nas aptidões características próprias dessa faixa etária. Com a ajuda do nosso Observatório Carioca do Trabalho, temos pautado nossas ações. E buscado não apenas inserir essa garotada no mercado, mas, principalmente, qualificá-la.
Jovens têm sede de viver, conhecer e experimentar. São uma mão de obra transformadora, cheia de desejo de ousar, e fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. Lembremos, portanto, que toda trajetória tem um início. Então, mãos à obra: vamos abrir as portas do mercado para nossos jovens e dar a eles a chance de construir o futuro.
Publicado originalmente em: https://revistaforum.com.br/debates/2023/12/8/jovens-tm-potencial-transformador-ento-vamos-dar-s-mos-combater-excluso-por-everton-gomes-149161.html
